O Ford Granada é um sedã de luxo que se destaca na história automobilística, especialmente no contexto brasileiro. Lançado na Europa em 1977, o Granada se tornou um símbolo de sofisticação e eficiência, características que brilharam durante a crise do petróleo nas décadas de 70 e 80. Essa crise levou a Ford do Brasil a buscar alternativas à tradição de carros grandes e potentes, comuns até então, como o Maverick e o Landau, que se tornaram inviáveis devido à alta nos preços dos combustíveis.
Ao optar por se inspirar no Granada, a Ford do Brasil encontrou um modelo que não apenas unia modernidade ao design, mas também oferecia soluções mecânicas mais racionais. Com um layout de três volumes, o Granada possuía dimensões generosas e opções de motorização que variavam de motores econômicos a potentes. Contudo, a adaptação desse modelo para o mercado brasileiro não foi simples, dada a diferença nas condições econômicas e industriais.
Dessa necessidade surgiu o Ford Del Rey, um sedã que, embora inspirado no Granada, foi projetado com dimensões menores e uma mecânica mais modesta, inicialmente equipado com um motor 1.6L de 70 cavalos. Apesar disso, o Del Rey fez sucesso no Brasil ao se posicionar como um carro de luxo econômico durante um período de instabilidade. Sua produção persistiu até 1991, com melhorias como a inclusão de motores mais potentes, e destacou-se por seus recursos de conforto, como direção hidráulica e vidros elétricos.
Enquanto o Granada foi descontinuado na Europa em 1985, o Del Rey seguiu conquistando os corações dos brasileiros, estabelecendo-se como um ícone de uma época em que o luxo se mesclava com a necessidade de eficiência. Ambos os modelos, agora considerados colecionáveis, representam uma herança significativa da indústria automotiva, simbolizando a capacidade de inovação e adaptação diante de desafios.
Assim, o legado do Granada e a trajetória do Del Rey demonstram como a intersecção entre diferentes culturas automobilísticas pode resultar em criações que transcendem o tempo, refletindo não apenas a história do automóvel, mas também a evolução de um mercado em constante transformação.
Se você é um apaixonado por carros clássicos ou simplesmente aprecia a história da indústria automobilística brasileira, o Ford Granada merece sua atenção. Esse sedã de luxo europeu não só marcou uma época, como também inspirou o icônico Ford Del Rey, um dos modelos mais emblemáticos da Ford do Brasil nos anos 80 e início dos anos 90. Vamos explorar juntos essa fascinante história que une a sofisticação alemã com a criatividade brasileira em um cenário de crise econômica e adaptação.
O Contexto: Crise do Petróleo e a Busca por Eficiência
Nos anos 70 e 80, a crise do petróleo abalou o mundo. No Brasil, com os preços dos combustíveis em alta constante, os grandes modelos de inspiração americana, como o Maverick e o Landau, tornaram-se inviáveis. Esses carros, que representavam luxo e potência, não conseguiam mais atender às novas demandas do mercado brasileiro: eficiência e racionalidade.
A Ford do Brasil, em busca de um sucessor à altura para o segmento de luxo, decidiu abandonar a inspiração americana e se voltar para sua subsidiária alemã. Lá, encontrou o Ford Granada, um sedã que simbolizava sofisticação, modernidade e eficiência. Este modelo tornou-se a principal referência para o desenvolvimento do Del Rey, mas nem tudo foi replicado.
Ford Granada: Um Ícone de Luxo na Europa

Lançado em sua segunda geração em 1977, o Ford Granada conquistou o mercado europeu com seu design arrojado e suas opções de motorização avançadas. Com uma estética quadrada e elegante, o modelo tinha três volumes claramente definidos, o que o tornava imponente e distinto. Suas dimensões eram generosas:
- Comprimento: 4,72 metros
- Distância entre-eixos: 2,77 metros
- Largura: 1,79 metros
Essas medidas proporcionavam um excelente espaço interno, especialmente para os passageiros do banco traseiro, algo indispensável em um carro de luxo. Além disso, o Granada oferecia uma ampla gama de motores, que ia desde um econômico 1.7 de quatro cilindros até um potente 2.8 de seis cilindros com injeção direta, capaz de entregar impressionantes 160 cavalos. Tudo isso vinha acompanhado de recursos modernos, como transmissão automática e um nível de acabamento de tirar o fôlego.
O motor 2.3L, fabricado no Brasil, foi um dos que chamou atenção durante o estudo para sua adaptação no mercado nacional. No entanto, as avançadas especificações técnicas do Granada tornavam o projeto inviável para produção em larga escala no país. Assim, surgiu a necessidade de desenvolver uma solução mais econômica e viável, culminando no nascimento do Del Rey.
Do Granada ao Del Rey: Adaptação à Realidade Brasileira

A principal missão da Ford do Brasil era criar um modelo inspirado no Granada, mas que fosse adequado às condições econômicas e industriais do país. Apesar de compartilhar a mesma essência de luxo e sofisticação, o Del Rey foi um projeto simplificado em diversos aspectos:
Diferenças Dimensionais
O Del Rey era significativamente menor:
- Comprimento: 4,5 metros (22 cm a menos que o Granada)
- Entre-eixos: 2,44 metros (33 cm a menos)
- Largura: 1,68 metros (11 cm a menos)
Essas alterações comprometeram o espaço interno, especialmente no banco traseiro, mas ajudaram a reduzir custos e tornaram o carro mais compatível com o perfil do consumidor brasileiro.
Mecânica Modesta
Enquanto o Granada contava com motores potentes e modernos, o Del Rey começou sua trajetória com o modesto motor 1.6L de 70 cavalos. Embora econômico, esse motor não fazia jus à proposta de luxo e desempenho que o design do carro sugeria. Ainda assim, o Del Rey conseguiu conquistar o público com seus recursos de conforto, como direção hidráulica, vidros elétricos e acabamento de qualidade.
O Sucesso do Del Rey no Brasil
Mesmo com suas limitações, o Del Rey foi um sucesso. O modelo agradou pelo equilíbrio entre luxo e eficiência em uma época marcada pela instabilidade econômica e pela alta dos combustíveis. O público valorizava a estética elegante, inspirada no Granada, e os itens de conforto que tornavam o Del Rey um carro desejado por famílias e executivos.
Nos anos 80, o Del Rey ganhou algumas melhorias, incluindo a adoção de um motor AP 1.8 fabricado pela Volkswagen, o que trouxe melhor desempenho e confiabilidade. Sua produção se estendeu até 1991, consolidando quase uma década de sucesso.
Granada e Del Rey: Dois Caminhos, Um Legado

Enquanto o Granada teve sua produção encerrada na Europa em 1985, sendo substituído pelo Ford Scorpio, o Del Rey continuou sua trajetória no Brasil até ser sucedido pelo Ford Versailles. Curiosamente, o Versailles era uma adaptação do Volkswagen Santana, marcando uma nova fase na história da Ford no país.
Por Que o Granada é Importante para a História Automobilística Brasileira?
O Ford Granada é um exemplo de como um modelo internacional pode influenciar profundamente o design e o conceito de um carro nacional. Sua estética elegante e soluções de engenharia inspiraram um dos maiores sucessos da Ford no Brasil, o Del Rey. Além disso, ele simboliza a capacidade de adaptação das montadoras em momentos de crise, trazendo soluções que atendem tanto às demandas do mercado quanto às limitações da produção local.
Hoje, tanto o Granada quanto o Del Rey são peças de coleção, valorizados por entusiastas que reconhecem seu papel na história automobilística. Modelos bem preservados do Granada são raros e podem alcançar valores altos no mercado europeu. Já no Brasil, o Del Rey é lembrado com carinho como um marco de luxo acessível em uma época de transformações econômicas.
Conclusão: O Granada e a Herança do Luxo

Você consegue imaginar o impacto que o Ford Granada teve ao cruzar o Atlântico como inspiração para o Del Rey? Essa história prova que até mesmo em tempos desafiadores, a criatividade e a capacidade de adaptação podem gerar ícones que atravessam gerações.
O Granada foi muito mais do que apenas um carro: foi uma visão de sofisticação e modernidade que inspirou a criação de um modelo totalmente adaptado às necessidades brasileiras. Hoje, ao olhar para um Del Rey ou para um raro Granada de segunda geração, você não apenas vê um carro, mas também uma história de inovação, superação e legado.
Se você é um amante de carros clássicos, talvez seja hora de buscar um desses modelos para chamar de seu e manter viva a história de uma era em que luxo e eficiência se encontraram. Afinal, tanto o Granada quanto o Del Rey deixaram suas marcas em um mercado que soube valorizar o que há de melhor na união entre o Brasil e a Europa.