A Fábrica Nacional de Motores (FNM) é um marco importante na história automobilística do Brasil, sendo a primeira fabricante de veículos do país. Fundada em 1942, a FNM começou sua trajetória produzindo motores de avião, mas em 1949 diversificou sua atuação ao iniciar a fabricação de caminhões, impulsionada pela parceria com a italiana Isotta-Fraschini. O modelo FNM D-7300, um caminhão robusto e eficiente, destacou-se no mercado dominado por veículos a gasolina, trazendo inovações que o tornaram um elemento chave no crescimento do transporte de cargas em um Brasil em rápida transformação.
A parceria com a Alfa Romeo, iniciada em 1950, representou outro ponto de virada. O FNM D-9500, lançado após essa colaboração, trouxe inovações como motor a diesel de 9,5 litros e freios pneumáticos, rapidamente se tornando popular entre os transportadores. A nacionalização dos componentes também foi um ponto importante, com a marca alcançando 54% de nacionalização em 1955, superando grandes concorrentes. O ápice da FNM veio em 1957, com o lançamento do D-11000, um modelo forte e inovador, famoso por sua durabilidade e capacidade de carga.
Entretanto, a FNM enfrentou desafios nos anos 1960, ao encontrar concorrência crescente de marcas como Mercedes-Benz. Em 1967, a Alfa Romeo assumiu totalmente a FNM e introduziu novos modelos, mas a pressão competitiva era intensa. A empresa, que tinha alcançado 97% de nacionalização, não conseguiu acompanhar as exigências do mercado emergente e em 1974 a Fiat adquiriu uma parte significativa da FNM, culminando no controle total em 1976.
A produção de caminhões FNM continuou até 1985, totalizando 78 mil unidades, e deixou um legado indiscutível na industrialização automotiva brasileira. Os caminhões FNM foram essenciais em várias obras de infraestrutura, como a construção de Brasília e a Transamazônica. Hoje, modelos restaurados são valorizados por colecionadores, representando não apenas um símbolo da história automotiva, mas também um resgate da identidade brasileira. A jornada da FNM é um testemunho da capacidade de inovação, fazendo dela um ícone de perseverança em tempos de dificuldades. A história da FNM é, portanto, um convite à valorização do passado e um olhar otimista para o futuro.
Se você é um apaixonado por veículos e história, certamente vai se impressionar com a trajetória da Fábrica Nacional de Motores (FNM), a primeira fabricante de veículos no Brasil. Fundada em 1942, a FNM iniciou a produção de caminhões em 1949, marcando o começo de uma era de desenvolvimento industrial no país. Com uma forte conexão com a tecnologia italiana da Alfa Romeo, esses caminhões, conhecidos como “Fenemês”, foram fundamentais para moldar o transporte de cargas em um Brasil em transformação.
Neste artigo, você vai conhecer em detalhes como a FNM começou, sua evolução tecnológica, os desafios enfrentados e o impacto que seus caminhões tiveram no país.
O Nascimento da FNM
A história da FNM começou em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial. Criada pelo governo de Getúlio Vargas, a fábrica tinha como objetivo produzir motores de avião em parceria com a norte-americana Wright. Localizada no distrito de Xerém, em Duque de Caxias (RJ), a unidade iniciou suas operações em 1946, mas a guerra já havia acabado, deixando a fábrica com capacidade ociosa.
Foi então que, após muitos debates, o governo decidiu usar as instalações para fabricar caminhões. Em 1949, a FNM firmou parceria com a Isotta-Fraschini, uma empresa italiana que estava em declínio financeiro. O resultado foi o FNM D-7300, um caminhão robusto equipado com motor a diesel de seis cilindros e 7,3 litros, capaz de produzir 100 cv. Ele era diferente dos modelos norte-americanos a gasolina, que dominavam as estradas brasileiras, destacando-se pela durabilidade e eficiência.
A Era Alfa Romeo
A falência da Isotta-Fraschini interrompeu a produção do D-7300 após cerca de 200 unidades fabricadas. No entanto, em 1950, a Alfa Romeo assumiu a parceria com a FNM, trazendo novos modelos e modernizando a linha de produção. O primeiro fruto dessa colaboração foi o FNM D-9500, inspirado no Alfa 800 italiano, mas com ajustes para atender às demandas brasileiras.
Com um motor a diesel de 9,5 litros e 130 cv, o D-9500 tinha capacidade para transportar até 14 toneladas com reboque. Ele também introduziu freios pneumáticos e uma caixa de câmbio com oito marchas, oferecendo mais controle e segurança nas estradas.
A produção começou a se nacionalizar a partir de 1953, com componentes como pneus, radiadores e eixos sendo fabricados no Brasil. Em 1955, o índice de nacionalização chegou a 54%, e a FNM já superava marcas internacionais como Mercedes-Benz e Volvo em número de caminhões em circulação.
O Sucesso do D-11000
Em 1957, a FNM lançou o D-11000, que se tornou um verdadeiro ícone. Com um motor a diesel de 11 litros e 150 cv, o modelo era conhecido por sua resistência, capacidade de carga de até 18 toneladas com reboque e três opções de distância entre eixos. Além disso, sua cabine oferecia espaço para dois leitos em beliche, uma inovação que facilitava as longas viagens.
Apesar de todo o sucesso, o D-11000 enfrentou um problema técnico que lhe rendeu o apelido de “barriga d’água”. O bloco do motor apresentava porosidade, permitindo que o líquido de arrefecimento vazasse para o óleo, o que poderia causar danos graves. A fábrica rapidamente corrigiu o defeito, substituindo os motores e restaurando a confiança no modelo.
Cabines Personalizadas: Um Toque Brasileiro
Uma das características mais marcantes dos caminhões FNM era a possibilidade de personalizar as cabines. Embora a própria fábrica produzisse algumas, empresas como Brasinca, Metro e Drulla ofereciam opções com designs exclusivos. Essas cabines variavam em estilo, materiais e até na forma de abrir as portas.
Por exemplo, as cabines da Brasinca tinham um acabamento sofisticado, enquanto as da Metro inovavam com para-brisas basculantes para melhor ventilação. A diversidade de opções tornou os “Fenemês” ainda mais populares, adaptando-se às necessidades dos transportadores.
O Desafio da Modernização
Nos anos 1960, a FNM enfrentou novos desafios. Apesar de atingir 97% de nacionalização em seus caminhões, a marca começou a perder espaço para concorrentes como a Mercedes-Benz e a Scania, que ofereciam tecnologias mais avançadas.
Em 1967, a Alfa Romeo assumiu completamente a FNM, modernizando a linha de produção e introduzindo novos modelos, como o V-12, com capacidade de 15,2 toneladas, e o V-17, que trouxe a configuração de dois eixos direcionais para aumentar a capacidade sem violar as leis de peso.
O Fim de uma Era
Em 1974, a Fiat adquiriu 43% das ações da FNM, e dois anos depois, assumiu o controle completo. A sigla FNM continuou a aparecer nos novos modelos até 1977, quando a empresa foi renomeada para Fiat Diesel. A produção de caminhões continuou até 1985, encerrando uma história de 78 mil caminhões fabricados.
Legado e Relevância
Os caminhões FNM foram muito mais do que veículos utilitários. Eles representaram o início da industrialização automotiva brasileira e desempenharam um papel crucial no desenvolvimento do país. Seja nas obras de Brasília, na abertura de estradas como a Transamazônica, ou no transporte de cargas essenciais, os “Fenemês” foram verdadeiros heróis das estradas.
Hoje, esses caminhões são peças de colecionador, valorizados por sua história e robustez. Restaurados, podem alcançar preços altos no mercado, sendo um testemunho da importância da FNM para a identidade brasileira.
Conclusão
A história da FNM é um exemplo de como a inovação, mesmo em tempos de incerteza, pode transformar a economia e a infraestrutura de um país. Se você olhar para os “Fenemês” hoje, verá muito mais do que caminhões antigos — verá um símbolo de pioneirismo e superação. Então, da próxima vez que ouvir o ronco encorpado de um motor a diesel, lembre-se: foi a FNM que deu início a essa jornada nas estradas brasileiras.
Que tal compartilhar essa história com mais pessoas? Afinal, resgatar o passado é também uma forma de valorizar o futuro.